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· Artigos do Autor: Maria Paula T. Q. Barros Pinto · Com o Critério: Todas as Palavras	· Data de Publicação: Todas as Edições

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298. A Casa da Charneca	22-10-2010 11:53:00
Maria Paula T Q Barros Pinto Sempre que lá passo lembro-me. Uma vivenda dos anos vinte protegida dos olhares indiscretos por um jardim espesso e copado. E, no entanto, já foi uma casa cheia de alegria e luz, de crianças e de afectos. Agora jaz envolvida em meias palavras, silêncios cheios de interrogações. Porquê? Como? Estive lá há vinte anos e, no fundo do jardim, apenas iluminado pelo luar, um par namorava. Conheceram-se nessa noite e esqueceram-se do resto. Olhares furtivos espiavam-nos mas nem se deram conta. Há momentos assim, em que tudo o resto não importa. E ainda bem. Mas o mistério continua e quando lá passo fico com pele de galinha. Depois disse-se muita coisa, veio nos jornais… o que é certo é que ela continua desaparecida e até o corpo aparecer nada é definitivo. A verdade dos factos fica sempre para além do que se vê, quanto mais do que se ouve… Os pais morreram num desastre de automóvel. Assim, brutalmente. Ficaram os três irmãos, ainda jovens...
299. A Elza e o Senhor Ramiro (IL)	16-05-2014 16:13:00
Maria Paula T Q Barros Pinto (Excerto de "Os devaneios da D. Julieta") (...) “Elza, Elza”, gritam as duas muito excitadas, batendo à porta com as mãozinhas delicadas, quase se esquecendo de que podem partir uma unha. A Elza sai do sonambulismo que a faz entrar no mundo perdido, no mundo que partilhou com Franz e ain...
300. Uma viagem a Londres (XXXIL)	23-05-2014 15:51:00
Maria Paula T Q Barros Pinto (Excerto de "Os devaneios da D. Julieta") (...) Depois do escândalo do desmaio do Senhor Ramiro no Café Nicola, do burburinho, e de tudo ser esquecido quando a Senhora Condessa de Almeirim esbarrou na montra e partiu o vidro com a sua corpulência e bengala de castão de prata misturando petit fours com vidros, começaram os preparativos.A Elza foi mais do que aprovada e o Senhor Ramiro ofereceu-lhe o lugar de consultora para os países ...
301. O Cão	08-10-2010 14:34:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto Deu um gemido e virou-se no sofá para arranjar uma posição mais confortável. Aconchegou-se nas almofadas e puxou a manta escocesa que lhe tapava os pés e as pernas. O frio começava a fazer-se sentir e a lareira dava-lhe conforto. As temperaturas rondavam os vinte graus de dia e à noite, uns doze, não era o fim do mundo. Mas o frio que sentia era mais psicológico do que real. Sentiu um arrepio só de pensar no sucedido e os pêlos do pescoço eriçaram-se-lhe. Num gesto maquinal passou a mão pelo cabelo e, ou estava muito despenteado ou tinha-o colado, a mão ficou presa num emaranhado que o deixou surpreso. Devia ter sido do tratamento no hospital, um desinfectante qualquer. Entrou na urgência do Hospital Militar, ali na Estrela, a esvair-se em sangue. Tinha sido atacado ...
302. Crónicas da minha cidade e a Rainha Ginga	18-07-2014 16:52:00
Maria Paula T Q Barros Pinto Tantas princesas Gingas na Praia de Carcavelos Não vou justificar-me e começar por dizer que não sou racista. Não preciso. Os meus actos, a minha vida falam por mim.Ontem fui à praia de Carcavelos apreciar o fim do dia, o pôr-do-sol e sorver o ar fresco depois de u...
303. Crónicas da minha rua	04-07-2014 15:50:00
Maria Paula T Q Barros Pinto No meu bairro e na minha rua há histórias de rir e de chorar. Hoje a história que vos vou contar é de chorar. Mas não é a única e deve correr pelo país fora. A...
304. Aqueles dias	29-10-2010 12:05:00
Maria Paula T. Q. Barros Pinto Ao violento estrondo seguiu-se um silêncio profundo, mais ruidoso do que o próprio estrondo. Aquele silêncio persegui-lo-ia para o resto da vida. Cheirava a calor, a alfarrobeira, uma mescla quente e picante própria do Algarve. Ao cheiro sensual juntavam-se outros cheiros, poeira, sangue, óleo, pneu queimado… mas não se mexia, continuava de costas a olhar para o céu, tinha vontade de ser engolido pelo buraco escuro onde não houvesse nada… e desaparecer. Não se conseguia mexer, evitava olhar à sua volta, fixava o céu escuro teimosamente, como que esperando ser sugado, talvez um OVNI o viesse buscar já que ali não havia mais nada a fazer.Talvez não fosse uma história de amor, pelo menos convencional. Eram os três muito novos, estávamos ...
305. Os irredutíveis gauleses em Cortinhas	26-09-2014 15:57:00
Maria Paula T Q Barros Pinto As pessoas são uma caixinha de surpresas. É bom acordar e ter logo vontade de rir. Temos tido cá em casa dois casais franceses e desde que chegaram não param de me surpreender e divertir. Hoje perguntavam onde podiam comprar daqueles vestidos "à sevilhana". "Em Espanha!", respondi eu morta de riso. Quando muito aqui compram fatos de minhota.Um deles, vendo o meu ar de riso, ainda lhe ralhou, em Portugal cantava-se o fado e não se dançavam ...
306. In memoriam de uma árvore	19-12-2014 10:07:00
Maria Paula T Q Barros Pinto Esta primavera senti que havia qualquer coisa de errado com a árvore. Passei a primavera a temer que se desfizesse ali à minha frente. Queixei-me que a árvore não era a mesma mas disseram-me que era impressão minha. De meia em meia hora ia espreitá-la e mentalmente tentava perceber. Estaria cansada de colorir a minha janela? Estaria cansada de mim? Estava florida como habitualmente, sim, mas emanava uma fraqueza que me enervava e me enfraquecia...

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